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Mostrando postagens de agosto, 2013

Keep calm and this too shall pass

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I´m not calling you a liar - Florence & the machine Uma vez me disseram que o luto tem 5 fases: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. No início achei que isso era papo de psicólogo, mas logo percebi que o bagulho era " for real ".  Demorei a entender que, mesmo seis meses após mandar às favas o psicopata por quem eu havia entregado bons 4 anos da minha vida - achando que tinha saído quase ilesa de um término tão traumático -, a verdadeira onda do tsunami que viria a me afogar ainda estava por vir. A letargia do estado de choque, possivelmente causado pela síndrome de um stress pós-traumático, era pura e simplesmente a negação daquilo tudo que eu estava me recusando a sentir: a dor da perda, a tristeza, a solidão, o arrependimento, o remorso. De repente, tudo me invadiu como uma grande e poderosa enchente.  E aí chegou a raiva . Quente e espumante, quase palpável e visível. O problema da raiva é que, muitas vezes, ela termina se voltando con

O espelho

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Chocolate - The 1975 Ding . A sineta do elevador tocou antes que ela tivesse tempo de apertar o botão. A luz do indicador sinalizava "sobe". Em um impulso, ela entrou. As portas se fecharam. Ela apertou o 14º andar e virou-se para se contemplar no grande espelho .  Olhou para si mesma e espantou-se ao perceber que estava bonita . Os grandes olhos estavam mais brilhantes. A boca fina estava relaxada, sem aquela contração que ela fazia todas as vezes em que estava preocupada. Os cabelos estavam soltos, o que era raro. Ela olhou aquela ruguinha bem no meio da testa, que se acentuava quando ela franzia a fronte. Eram marcas do tempo, mas ela estava " ok " com aquilo.  Passou, sem querer, as mãos no próprio rosto e depois no reflexo do espelho . Ela finalmente se enxergava . Estava de fato bonita. Não se lembrava o que havia acontecido de especial ultimamente, mas algo havia mudado dentro e fora dela. O que seria? As portas do elevador se abriram. Ela

"amigos" e Amigos

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  Hey Ho - The Lumineers Tem "amigos" e Amigos. Quando a gente é novinha, gosta de andar "de galera". Quanto mais gente melhor. Sempre fazendo aquela barulheira, rindo e aprontando. Mas quanto mais "experiente" (pra não dizer velha) eu vou ficando, mais eu acho que essa ideia de viver rodeada de amigos é algo até um pouco infantil. Amigos mesmo, a gente tem poucos. A diferença entre colegas e amigos pra mim é bem clara: amigo é aquele em quem se confia. Pra quem pode-se contar tudo, sem rodeios, sem medo de ser julgada, sem medo de receber um puta sermão. O amigo até dá sermão, mas na hora certa. Não na hora em que você está caída e precisando de um colo. É aquela pessoa pra quem você conta, inclusive, tudo aquilo de bom que está acontecendo com você, sem medo de "olho gordo". Amigo pra valer, é aquele que quer o seu bem de verdade, que fica feliz quando a gente está feliz e que se entristece quando a gente está triste. Ele não fica como u

Ao papito, com amor!

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Quando eu era pequena ele costumava me cobrir e dar um beijinho todas as santas noites. Era ele quem me acordava às 7 da matina pra ir à aula de natação. Além disso, me obrigava a tomar aquela vitamina de abacate com mamão que era simplesmente...horrível!  - É pra ficar forte! - ele dizia. Só Deus sabe que eu nunca quis ser forte , pois achava que nunca precisaria ser. Antes ele tinha mais cabelos, é verdade. Quando ele chegava com aquele Chevetinho amarelo lá na frente do meu colégio, eu sempre ficava meio constrangida. Afinal, todo mundo tinha um carrão, mas o meu pai não, era um Chevetinho mesmo.  - Vergonha é matar e roubar! - ele dizia quando eu falava algo a respeito.  Os tempos  mudaram e hoje em dia meu pai não tem mais o Chevete e os parcos cabelos que restaram estão grisalhos. Mas ele continua o mesmo. Ou talvez não o mesmo. Um pouco  mais aprimorado como todos nós quando amadurecemos.   Graças a Deus eu cresci e hoje não sou mais obrigada a tomar a famosa vit

Da série "Fica a dica"

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One way or another - Blondie Todo fim de relação exige um determinado " protocolo ". Pode ser um namoro e até casamento. Inclusive, nem precisa ser uma relação romântica, apenas uma amizade que não funcionou. Mas o protocolo tem que ser cumprido.  O primeiro passo é excluir o cidadão ou a cidadã do Facebook . Isso vai evitar que você veja os posts das farras a que ele tem ido, as marcações das farras  a que ele tem ido e as fotos das farras  a que ele tem ido. Isso também vai evitar que você passe por ridícula quando postar as fotos das farras que você tem forçado a barra pra ir com amigas que ele sabe que você não via há séculos. Whats App . Deleta de vez o contato do dito-cujo pra que ele não tenha chances de aparecer na sua lista de bate-papo.  Afinal, tudo o que você não precisa neste momento é ficar igual uma louca psicopata espiando a todo minuto o horário em que o cidadão entrou no aplicativo, só para descobrir que desde o dia em que vocês romperam, e

A vida é uma gôndola de supermercado

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East Harlem - Beirut Hoje eu ouvi que a vida da gente é igual à uma prateleira em um supermercado. Quando a gente não sabe o que fazer, a gente vai catando qualquer coisa.  A gente pega arroz sem saber qual é a diferença entre o branco e o parabolizado. Pega picles e um monte de coisas em conserva sem nem saber se conserva é bom. A gente pega leite integral sem saber que desnatado é bem mais saudável. Pega molho de tomate de qualquer marca e até macarrão MG! A gente vai olhando cada prateleira e vai simplesmente tacando tudo dentro daquele carrinho.  Mas aí o tempo passa e, com ele, a gente aprende que não precisa comprar o que não gosta e muito menos o que a gente não vai comer. A gente aprende que nem mesmo come arroz, mas que o macarrão, por outro lado, vai bem, desde que não seja o MG. Que não tem nada a ver comprar caldo Knor se não vai usar, que alface estraga rápido e que cebola é sempre bom ter em casa.  Pois é. A vida é mesmo como as gôndolas de um supermerc