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Mostrando postagens de outubro, 2012

O caminho

O caminho prometia. A estrada era bonita e bem pavimentada. Flutuava-se nela ao invés de caminhar.  Não tinha buracos ou rachaduras. Ao redor era tudo verde. Os montes belos e nevados lembravam que o percurso era longo, mas um dia ela chegaria lá. Durante o caminho ela viu alguns sinais. Alguns deles, ignorou. Outros, leu com atenção, mas não entendeu. Sorridente, ela continuava sem mais preocupações ou desgastes. As placas se tornaram mais constantes. "Cuidado". "Atenção". "Perigo". Sem entender bem, ela chegou à uma bifurcação. À esquerda o caminho continuava, a estrada pavimentada e com acostamento seguro. À direita, o caminho parecia mais sinuoso. Não havia mais sinais. Mas quando ela olhava para ambos os lados, lá estavam aquelas cordilheiras lindas e geladas. Altas, como nada antes visto por ela. Impávidas e celestiais. Era lá que pretendia chegar. A escolha era dela. Sempre fora. Sem pensar muito, colocou o pé direito no caminho tortuoso. Era

Tempos de inocência

Às vezes a vida tem dessas coisas. Uma hora se está bem e outras não. "O mundo dá  voltas ", já diria um ditado antigo. Ou ainda: "a vida tem altos e baixos", diria outro. Dia desses me peguei chorando e fazia tempos que não chorava. Não chorava,  não  porque  não  tivesse  motivos , mas talvez porque tenha decidido que o passado não é presente. Mas naquele dia, chorei porque senti falta da minha vida antiga, mesmo que ela seja  passado . Chorei porque lembrei de como fui feliz na minha  ignorância . Chorei porque me lembrei de como era uma vida sem amarguras. Chorei porque me lembrei o quão  infalível  eu era.  Chorei porque me lembrei que a  inocência  me cercava com carinho. E aí a vida deu uma volta e virou tudo de cabeça pra baixo. Eu perdi a inocência e o  rumo . Fui parar nas inconstâncias da minha própria  inconsequência . O  egoísmo  me fez cega e quando eu voltei para a minha casa, ela não existia mais. Senti meus pés afundarem na lama do me desespero