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Mostrando postagens de agosto, 2012

A mulher e o bode

Ela vivia reclamando que a casa era pequena e velha demais. Botava o marido doido com a sua ladainha diária sobre as rachaduras nas paredes, reclamava do jardim que nem cabia uma horta. Era só chegar do trabalho e começava a choramingar enquanto preparava a janta. Dizia que as janelas estavam empenadas, os armários eram pequenos para tantos lençóis,  as vidraças estavam trincadas e as tábuas do piso rangiam como em casas mal assombradas. O marido, no início, não se importava de ouvir. Sabia que a mulher tinha razão. A casa tinha mesmo rachaduras e o quintal tinha virado um depósito de entulho doméstico. As tábuas poderiam ter passado por uma boa reforma anos atrás e os armários havia muito amontoavam roupas demais.   Mas, passados os primeiros meses, ele começou a ficar simplesmente irritado com a mulher. Parecia mesmo um rosário inteiro sendo rezado todo santo dia. Por mais que tentasse não ouvir, lá vinha a mulher com o discurso pronto. Ele tentou ligar a tv no volume máximo dura