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Nascer todos os dias

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Quando ele chegou ali, era tudo mato. Não tinha cercado e nem arado. A terra parecia árida, mas o coronel estava cansado de rodar o mundo atrás de um pedaço de chão. Foi assim, fugindo de uma chacina que lhe deixaria emudecido por quase uma década, que Constâncio Oliveira do Rosário chegou à Charque Seco. Naquela época nem podia ser chamado de vilarejo. Tinha apenas uns dez casebres que margeavam a ferrovia. Chegou em época de seca brava, aos 17 anos, esquálido como um boi faminto. Os pés cansados calçavam uma percatinha já muito gasta e nas costas trazia um saco de pano, com tudo o que tinha na vida: três mudas de roupa e o retrato da mãe cuja última lembrança era o olhar apavorado e um grito apavorante - Corre, Cicinho! O coronel constâncio contava essas lembranças sempre que podia e um dia a neta perguntou-lhe: Meu avô, porque o senhor conta essa história tantas vezes? Porque considero, Melissa, que foi nesse dia que eu nasci. Imagine, se eu contar essa história todos o