Postagens

Mostrando postagens de março, 2016

Os canteiros e o gosto de framboeza

Imagem
Canteiros - Fagner Um dia ela decidiu ir embora. Não tinha a certeza se era a hora certa. Se estaria preparada. No fundo, achou que estaria pronta. Mas a verdade é que ninguém nunca está pronto para o fim. O fim é a perda, a falta, a ausência.  A tarde em que ela se ausentou daquela parte da própria vida foi uma tarde triste e tranquila. Sabia que o fim era inevitável. Chegou a considerar se de fato deveria ter havido um começo. Jamais chegou a saber se a tarde da sua ausência fora sentida, ressentida ou chorada.  Ela, certamente, chorara . Ressentira-se . Havia sentido tudo em todas as fibras do seu ser. E o tudo era tanto para suportar. Era saudade, era raiva, era tristeza. Era dor, era vergonha, era medo. Era, mais do que qualquer outra coisa, medo .  Pensara em tudo o que vivera. Os sons, cheiros, burburinhos. Tudo o que lhe fazia falta. Confundia-se em suas lembranças sobre o que realmente fora bom e o que havia sido ilusão. Pegava-se transformando as próprias