Ele e Ela


Assim que ela o conheceu entendeu que ele era um sedutor incorrigível. Durante os 13 meses e 16 dias em que trabalharam juntos, ela observou-o atentamente, com cautela e sem pressa. À época, ele era o chefe. Ela, só mais uma das tantas pessoas que orbitavam ao redor dele.
Nem mesmo ela compreendia o fascínio que aquele homem lhe causava. Quase 20 anos mais velho, era daqueles que flertava com todas, inclusive com ela.
  • como você está linda hoje, Helena. - dizia ele, às vezes, sem nenhum constrangimento, em meio a uma reunião importante. Ela, por sua vez, odiava os elogios sinceros e absurdamente inconvenientes, mas passava horas rememorando-os na lembrança, amando e odiando ao mesmo tempo. 
  • Machista e pretensioso! - pensava ela enquanto revirava os olhos em um gesto muito seu. Mas no fundo, admirava-o pela liderança nata que exercia na corporação. Foi quando se deu conta que não era a única fascinada por ele. Homens e mulheres o seguiam de olhos fechados. Para ela, antes de o conhecer, seria I incompreensível que alguém fizesse tantos comentários sexistas e, ainda assim, tivesse a humildade de olhar  profundamente nos olhos de seus interlocutores.
Tempos depois do fim daquele glorioso  mandato, eles se encontraram em um esquenta da Firma. Ele, experiente, ofereceu-lhe carona. Ela, morta de desejo, aceitou. 
Beijaram-se antes mesmo de entrarem no carro e sem dizerem, um ao outro, nenhuma palavra. Era como um encontro marcado há mais de 2 anos.  Ela puxou-o para mais perto de si, apertando-o contra seu corpo, enquanto a mão esquerda passeava pelos fartos cabelos grisalhos, perto da nuca. Ele, por sua vez, a envolvia pela cintura, saboreando, extasiado, aquele beijo que tinha gosto de flores.
  • Helena, vem comigo? - ele sussurrou. 
  • Vou. - ela respondeu sufocando de desejo, perdendo-se em mais um beijo.

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