Amar sem reservas

Me identifiquei horrores com um texto que li em um blog muito bacana chamado "Logo eu". A leitura me cativou do começo ao fim, a começar pelo título "Meu status de solteira não é referência de solidão ou desespero". Os sábios dirão, algum dia, que a autora não apenas tinha a razão, como também que ela mesma era uma pessoa sábia. 

Escrevi, em texto anterior, que ser solteira não é apenas um estado social, mas também um estado de espírito. Requer uma colher de sopa de coragem, uma pitada de bom-humor e uma xícara cheia de amor-próprio. Ainda assim, a vida sempre vai pedir plasticidade. O rigor dos julgamentos e as frivolidades alheias exigirão doses salutares e diárias de bravura. 

Eu escolhi estar solteira quando saí de um casamento onde não era feliz; quando deixei para trás namorados e comparsas que só curtiam me exibir como um troféu bobo. Eu fiz a escolha de não estar com alguém quando entendi que eu já havia arrastado as minhas próprias correntes por tantos desenganos passados e que não me cabia carregar as correntes de mais ninguém. 

Assim como Thamilly Rozendo, a autora do texto, eu andei esbarrando em tanta gente desinteressada e cheia de desculpas que me é impossível aceitar migalhas. Também cansei de gente que não se envolve, que beija sem entrega, que transa sem compromisso ainda que tenha-se deixado claro que não é isso o que se busca. Cansei de pessoas que estão traumatizadas demais para amar novamente, mas ainda assim escolhem envolver espíritos livres em suas confusões mentais - em vez de procurar ajuda. Get in line, pals, we all need fixing.  

Cansei de gente que enxerga um corpo bonito mas não a minha disposição para amar e ser amada. Cansei de gente que acha que as mulheres têm que, necessariamente, estender a mão e ajudá-los a sair da tormenta que é a vida. Cansei porque nunca nenhum homem me ajudou a apaziguar as tempestades da minha alma. Eu fiz isso sozinha simplesmente porque acredito que quando duas pessoas se unem é para somar e jamais para completar.

Há quase uma década descobri que ninguém pode me salvar, que nenhum cara vai ser a minha outra metade e que, em um relacionamento onde exista amor, o par transborda sem jamais anular-se ou completar-se. Por isso, em um mundo de frivolidades e onde as pessoas escolhem não se envolver, eu escolho estar solteira. Escolho não ser um adereço para ninguém e tampouco muletas para os feridos. Eu escolho a profundidade, a sinceridade, a cumplicidade, a coragem de se entregar. Eu escolho amar sem reservas.







Comentários

  1. Que lindo!!! Adorei! Como vc escreve bem! Arrasou! Que nossas escolhas sejam sempre sermos felizes!!!! TMJ ☺️😘

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    1. Ei,sua linda, gratidão pelo comentário!! Obrigada pela leitura e pelo feedback carinhoso!! #tmj

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  4. Que baita texto, Elaine!! Como é bom te ler! Obrigada por compartilhar teus pensamentos por aqui! São cheios de sentimento e aprendizado! beijos e saudades!

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    1. Que delícia de feedback, Denise!!! Que bom que gostou!! Querendo compartilhar o textinho, tamo junto!!! Aahaha! Beijão e saudades tb!!

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  5. Como sempre e novamente, tocante e ao mesmo tempo exuberante texto. Mostra o quanto a autora merece ser feliz - sozinha ou acompanhada, pouco importa! E, ao mesmo tempo e por outro lado, o quanto ela parece ser capaz de fazer feliz a quem, porventura, tiver estatura moral e a mesma independência pessoal para acompanhá-la, descompromissadamente, numa venturosa dança vida a fora!

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    1. Maurente, você como sempre um crítico MARAVILHOSO dos meus textos!!! Saudades mil!! obrigada pela leitura e pelo comentário!!! Tamojunto!!! Grande beijo!!!!

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