Tempo de qualidade

Acho curioso a expressão de certas pessoas quando respondo: "Não, não estou namorando. Estou solteira". É quase uma expressão de pesar com um misto de piedade. É como estar infringindo alguma regra divina ou fugir de todo e qualquer padrão social. 

Ser solteira é meio que padecer no paraíso, especialmente depois dos 30, quando uma sensação opressora de ter que ter a vida resolvida recai sobre nós. E, mesmo apesar da imensa pressão social, é provável que, sendo solteira, você queira dar um gás na carreira; cuidar da mente e do corpo; sair com os amigos pra tomar todas e acordar de ressaca no dia seguinte.

É possível que você, estando solteira, não queira dar satisfações da sua vida a ninguém, nem mesmo aos seus pais, com quem você não mora mais. É razoável que, sendo solteira, você queria uma noite de sexo e nada mais, prazer por prazer, no atachments. É possível que você simplesmente queira botar suas séries em dia e ter um domingo preguiçoso. Sem criança chorando, sem namorado ou marido esperando.

É super viável que uma pessoa solteira vá ao cinema sozinha, escolha o filme e o horário que bem entender e sinta-se feliz por saber estar sozinha. Ser solteira não é apenas uma condição social, é também um estado de espírito. É apreciar a solidão sem necessariamente sentir-se solitária. É entender o quanto é importante sentir-se bem consigo mesma não apenas na própria casa, mas na vida. Ser solteira é aprender a se amar e consequentemente ser uma ótima companhia para si mesma. 

Ser feliz enquanto se é solteira não significa que não se busque alguém especial. A diferença é que depois dos 30 e tantos você começa a perceber que relacionamento não é sinônimo de felicidade e passa a buscar tempo de qualidade. Parafraseando (quase copiando) Tamilly Rozendo, você dispensa as desculpas esfarrapadas, a falta de interesse e o medo de embarcar e passa a procurar alguém realmente disposto, alguém que traga certezas em vez de dúvidas e que não desapareça ao menor sinal de aprofundamento da relação. Você busca alguém que se ame tanto quanto você aprendeu a se amar. 


Comentários

  1. Ótimo texto, Elaine!
    Me identifiquei com quase tudo que você escreveu. A maioria das pessoas seguem um padrão social pré-estabelecido. Vejo muito isso na minha família. Direto me perguntam: "Já casou?" "O que está esperando para casar?" "Quantos filhos você tem?". Isso além de várias outras questões sociais que todos estão acostumados e querem que os acompanhemos nisso porque "é o certo" ou porque "fulano também é assim".
    Vida que segue...

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  2. alguém que traga certezas em vez de dúvidas e que não desapareça ao menor sinal de aprofundamento da relação. Você busca alguém que se ame tanto quanto você aprendeu a se amar = FATO!!

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