Hay qui endurecer pero sin perder la ternura jamás

Eu concordo que homens são de marte. Devem ser mesmo, porque o comportamento deles, às vezes, é, para mim, tão enigmático quanto o seria o de um alienígena. Enquanto eu, por exemplo, adoro abrir meu coração, demonstrar todo e qualquer tipo de sentimento de alegria ou de indignação pra todo mundo ver, os homens, ao menos o que eu conheci, fazem aquele estilo fechadão: homem não chora, homem não conversa, homem não sente, homem não fala sobre os próprios sentimentos. 

Acho que o abismo imenso entre esses dois gêneros é permeado, senão totalmente preenchido, por duas formas de pensar absolutamente diferentes. O esteriótipo de que homens não demonstram sentimentos perdura não só porque alguém resolveu que assim o fosse. Em geral, homens não curtem mesmo abrir o coração, talvez não seja da natureza deles e ponto. Ou talvez eles sejam caladões porque foram criados para serem "durões".  

Dizem que as mulheres são passionais, emotivas, dramáticas. Falando apenas por mim: sou mesmo. Adoro verbalizar meus sentimentos, amo ser emocional e me apaixono por pessoas sensíveis em geral. Mas odeio quando me rotulam de "descontrolada" só  porque verbalizo, de uma forma apaixonada, aquilo que me incomoda. "Homens gostam que falemos baixo, sem sinais de cobrança", me disseram certa vez. Acho ótimo tentar adivinhar o que os caras curtem ou não, mas acho que é hora de amadurecermos conceitos em vez de ficarmos no "diz-que-me-diz".

Sejamos razoáveis: se o cara não é muito de se expressar, não adianta forçar uma barra pra que ele vire um ventríloquo. Mas se a mina gosta de falar, também não adianta querer que ela, do nada, engula calada uma falta total de diálogo na relação. Relacionamento  é troca. Sempre foi e sempre vai ser. É como se fosse uma ponte onde, de cada lado, está uma pessoa e ambos têm que caminhar até o centro de forma equilibrada. Às vezes, esse caminhar não vai ser sincronizado e a ponte vai balançar mais de um lado do que do outro. Outras vezes, ambos vão caminhar no mesmo passo, no mesmo ritmo.  O mais importante é cada um caminhar em direção ao outro. 

Portanto, os homens não precisam perder a dureza emocional que lhes é característica. Se não quiserem conversar sobre seus sentimentos, não conversem, mas ajam de acordo com eles. Aliás, um gesto de ternura vale mais do que mil palavras. Um abraço inesperado, um beijo roubado na fila do cinema. 

E quanto às mulheres, cheguei à conclusão que DR demais é simplesmente chato. A gente tem que acabar com essa nóia de achar que o cara tem que ser exatamente como queremos. Eles não são nossos filhos e sim nossos maridos, namorados, peguetes, parceiros ou qualquer que seja a nomenclatura que damos a eles. 

Ninguém nunca disse que se relacionar seria fácil. Exige um bocado de coisas: respeito, paixão, tesão, compreensão, paciência, carinho, solidariedade, altruísmo e, sobre tudo amor. Mas não é qualquer tipo de amor, é amor próprio. Aqueles que se sentem seguros quanto a si mesmos sabem que não se busca a felicidade no outro e sim - vão me perdoando o clichê -  dentro de nós mesmos. E para isso, já dizia Ernesto Che Guevara:  Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás (Há que endurecer-se, mas sem jamais perder a ternura).




Comentários

  1. Faço parte de uma minoria masculina que gosta de falar sobre coisas do coração, e digo muito do que sinto (em palavras olhares gestos flores poesia). E hoje vejo por aí mulheres que se fecharam e se calam e que se assemelham ao Homem que você relata em seu post... A vida é engraçada.. nem sempre as coisas são o que parecem ser... rótulos não funcionam mais...

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