O século XXI e a incrível naturalização das relações descartáveis

Fico cada mais dia mais chocada com a quantidade de histórias que escuto das minhas amigas - e com aquelas que eu mesma vivencio - sobre a naturalização de relações descartáveis. Hoje em dia você conhece um rapaz, tem um affair com ele, beija na boca, anda de mãos dadas, como se se conhecessem há anos, e no outro dia ambos são como dois estranhos. Subitamente "são só amigos novamente". 

Acho isso o "ó", minha gente. Quem foi que disse que mulher quando fica com um cara quer ser amiga dele? Porque eu é que não fui e eu não compartilho dessa opinião. 

É interessante observar que os homens vêm com esse papinho furadérrimo de "não vamos rotular a relação" ou "somos só amigos" pra cima das garotas, quando na verdade isso é só uma maneira elegante de dizer que não querem compromisso. Sou a favor do livre arbítrio e acho válido que cada um faça o que quiser da sua vida. Mas também valorizo o "papo reto". Qual é o problema de dizer que não querem compromisso naquele momento ou com aquela garota? Que querem um lance casual? One night stand? 

Não vou falar por todas e aproveito o espaço para falar por mim e, tenho certeza, pelas minhas boas amigas: minha gente, não estou afim de ser amiga de homens com quem eu saio. Se eu saio com um rapaz, estou querendo conhecê-lo para ver se existem afinidades que nos levem a um relacionamento. Repito: relacionamento

A questão toda é que o "conhecer" para o rapazes implica em beijos, amassos e sexo. Hoje em dia, o cara quer pegar (e muito) na garota  alegando que precisa conhecer melhor. Daí se ele não curtir o que rolou, desaparece ou simplesmente no dia seguinte faz cara de paisagem e diz: "Algum problema? Somos só amigos, não é?". 

Não, gente. Não somos só amigos. Esse papo de ter uma intimidade e depois querer retroceder a uma situação de amizade pura e simples é papo pra boi dormir. Para mim, conhecer não é pegar, não é beijar e muito menos transar. Conhecer é sair, conversar, ouvir e descobrir afinidades. Claro que a atração física precisa rolar, mas às vezes isso até vem com o tempo. Se eu fico com um rapaz, muito provavelmente eu já tomei uma decisão prévia de tentar conhecê-lo de outras formas e mais a fundo. 

Mas o mundo está tão louco, as pessoas andam tão "vida loka" que as garotas - eu me incluo nesse hall -  se prestam ao papel de ficar com os rapazes por ser normal e praticamente a única maneira viável de se relacionar com alguém, e não há para onde correr. Essa é a maneira "oficial" de conhecer os caras. É raro encontrar um rapaz que queira um café com afinidades.

Pois para que fique bem claro, eu não sou carro para que façam test drive em mim. Não gosto de caras que me beijam e no outro dia não olham na minha cara. Não sou, nunca fui e nem nunca vou ser descartável. Eu sou uma pessoa, tenho nome, sobrenome e sentimentos como qualquer outro ser humano. E respeito é muito bom e eu adoro

#prontofalei


Comentários

  1. Café com afinidades, gostei dessa definição.
    ahahahahha

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  2. Eu sou um cara. E também já fui vítima do amor líquido. A gente se sente usado, mas é fraqueza reclamar. Ser homem é, acredite ou não, um estado: qualquer fragilidade pode por tudo a perder. Eu já ouvi a queixa "e hoje ela finge que nem me conhece" de mais de um brodinho, susurrada entre um gole e outro, com nuances diversos de mágoa e indignação. A objetificação é geral e, atrás dessa liberdade aparente, todo mundo tá muito é só. Ponto.

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