Da série Fica a Dica - Chega de chatice

O fabuloso destino de Amélie Poulain - soundtrack


Outro dia li um texto que me deixou atônita: "A incrível geração das mulheres chatas". Sem meias palavras, a Mariliz, autora do texto, afirma que as mulheres que estão solteiras, hoje em dia, só estão nessa condição porque são chatas. Para ela, a desculpa de que caras não curtem garotas independentes é muito furada.

Confesso que me senti agredida ao ler as palavras da colega, mas tenho que dar o braço a torcer: acho que ela tem razão. Em vez de generalizar, falarei só por mim: sou uma chata de galocha e, creiam ou não, só me toquei disso quando li o tapa na cara que foi o texto da Mariliz.

Para aqueles que não me conhecem, descreverei brevemente, da forma mais objetiva possível, a minha pessoa: 35 anos, divorciada, sem filhos, moro sozinha há 5 anos e meio e acabo de comprar meu imóvel próprio. Não ganho os tubos mas também não ganho mal. Posso dizer que sou independente. Me considero bonita, agradável, tenho amigos e uma vida social legal. Sou uma garota viajada, creio que sou inteligente e interessante. Estou solteira há 5 anos e meio. Não quer dizer que eu não tenha tido meus affairs ao longo do caminho, mas esses relacionamentos não duraram mais que 3 meses. 

Em toda a minha vida me apaixonei 4 vezes, sendo que a primeira delas foi pelo meu ex-marido. Posso dizer que, aos 35 do segundo tempo, estou em busca de um cara legal. E é aí que entra o texto da Mariliz. O problema todo é que um cara legal, pra garotas como eu, tem que ser, no mínimo:

Bonito; bem sucedido; morar sozinho e ser independente; ter um carro; ser  sofisticado; interessante; agradável; falar de política; economia; ler Gabriel García Marquez e José Saramago; não ler em hipótese alguma a revista VEJA; não ser Coxinha e nem dizer que vai votar no Aécio; ter iniciativa de chamar pra jantar; isso sem contar a parte de pagar a conta, que ele tem que pagar sozinho; priorizar a garota em vez de amigos e do futebol; ser gentil e até abrir a porta do carro.

A questão é que 90% dessas exigências nem são conscientes e eu percebi quantos caras dispensei por conta de um ou mais fatores como esses. Conscientemente, por exemplo, a mim não importa que o cara seja ou não sofisticado, mas uma vez saí com um rapaz que me levou pra um boteco copo sujo e ainda quis dividir a conta comigo. Nunca mais atendi as ligações dele. Um ano depois disso, nos reencontramos e esse mesmo cara foi um dos 4 homens pelos quais já me apaixonei nessa vida. Ele continuou me levando em botecos copos sujos e continuamos dividindo a conta por dois meses. 

De fato acho que os caras não se importam se a garota é bem sucedida ou não. Da mesma forma que penso que também existem rapazes que simplesmente não querem compromisso naquele momento ou com aquela pessoa específica. É verdade mesmo que homem tem, eles estão por aí. O problema é que o super-homem pelo qual a gente busca realmente está longe de existir. 

O que existem são homens normais, que não são estão na capa das revistas. Às vezes eles têm uma barriguinha de chopp, outras são ultra malhados e talvez não vão falar muita coisa interessante. Mas eles estão lá, assim como nós estamos cá, prontas para sermos resgatadas. O que nós esquecemos é que toda essa independência feminina nos tirou do papel de princesa abandonada. 

Chega de chatice. As oportunidades estão aí. Vamos agarrá-las e viver a vida, sem esperar que cada cara que a gente conhece ou se envolve seja o nosso salvador. Não precisamos ser salvas a não ser por nós mesmas. 

#prontofalei









Comentários

  1. Eu vi esse texto sendo compartilhado no Facebook e lembrei de você.
    É uma reflexão interessante esse "outro lado".

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