A incrível geração dos homens sem noção


Vejam que o texto da Mariliz Pereira, a colunista da Folha que escreveu sobre "A incrível geração das mulheres chatas", deu o que falar. Pelo menos na minha rodinha de amigas. Cada uma pensa de um jeito e todas têm suas limitações, claro. Mas é fato que cada uma de nós tem se deparado, e não é de hoje, com homens que parecem confundir igualdade de direitos com "brodagem". O cara nem se preocupa mais em conquistar a garota com gestos delicados e tem muitos que só faltam dar um tapinha nas costas da moça e chamá-la de "brow". Sem noção. 

Pois bem, a colunista tem razão e é verdade mesmo que os homens não têm nada de coitadinhos. Esse papo de que eles não aguentam se relacionar com uma mulher independente não cola. Não cola mesmo. Os caras foram sim informados de que estamos no século XXI e que a "dona Baratinha", me aproveitando do termo da Mariliz, não tem mais espaço em tempos modernos. Tem mulher que até curte desempenhar o papel de Amélia, mas é muito mais uma escolha do que obrigação. 

Os homens estão tão cientes do papel feminino que parecem não se importar mais em conquistar ninguém. Nossos pedidos por respeito acabaram criando a sensação de que mulher alguma quer ser conquistada, seduzida, elogiada. A gente está tão no 8 ou 80 dessa coisa toda de feminismo que os homens nem se dão mais ao trabalho de marcar um encontro com uma moça e se oferecer para buscá-la em casa. E ai da gente se reclamar. Somos chamadas de machistas, controversas e que temos um discurso conveniente. 

Mas eu gostaria muito de saber se existe alguma mulher que, ao ser chamada para um encontro romântico, não tenha gostado de receber gentilezas vez ou outra. Todos gostam, independentemente de ser homem ou mulher. Uma vez, um amigo me perguntou: "Justamente,  se todos gostam então porque você, por exemplo, nunca se ofereceu para buscar um rapaz com quem combinou de sair?". A verdade é que eu já me ofereci sim. Muitas vezes. Já saí com caras que não tinham carro ou nem mesmo uma boa situação financeira. Inclusive, me casei com um. Também já paguei a conta toda, assim como já pagaram pra mim e eu, apesar de ter sim condições de arcar com minhas próprias despesas, achei aquilo de uma delicadeza adorável e nunca me passou pela cabeça que pudesse ser condescendência.

Estou ciente de que essa questão é muito mais complexa que qualquer textinho publicado em um pobre blog sobre relacionamentos possa descrever. E não estou dizendo, de forma alguma, que um encontro, para ser bem sucedido, precise que o homem necessariamente se ofereça para buscar a pretendente em casa ou que pague a conta sozinho.

O que estou dizendo é que falta um pouco mais de delicadeza nas relações humanas como um todo. Essa delicadeza não se resume em estratagemas bobos de conquista, mas quem nunca gostou de ser bem tratada que atire a primeira pedra. A mim, por exemplo, não importa se o cara tem grana ou se ele mora em um cafofo na w3 norte - e quando eu digo isso, acreditem, é verdade -, mas todo mundo gosta de ser seduzido, de se sentir atraente. Um "Puxa, como você está linda" não machuca ninguém, principalmente se o rapaz estiver falando a verdade. 

Hoje em dia não me importo mais se o cara quer dividir a conta ou se não se oferece para me buscar em casa. Acho que vivemos em um mundo onde as mulheres conquistaram um espaço considerável e chegou a hora de admitirmos que gestos como esses não devem ser o que há de mais importante a se considerar quando se trata de um possível relacionamento. Mas insisto que falta delicadeza. Insisto que a exigência de igualdade de direitos não implica, necessariamente, em esquecer pequenos gestos de cortesia, sejam eles quais forem. 

Afirmo que os homens não só estão cientes da independência feminina, como eles a adoram. E com razão. Isso tira um fardo imenso dos ombros deles e já era sem tempo. Nada mais justo que dividir contas e responsabilidades familiares. Nada mais justo que igualdades de salários quando homens e mulheres desempenham a mesma função. Mas venhamos e convenhamos, não confundamos igualdade de gênero com efetivamente tratar a mulher como se fosse um cara. Nós não somos homens. Nós queremos ser tratadas com respeito mas isso não significa que não gostemos de homens gentis. 

Mais uma vez, para não generalizar, vou falar por  mim: adoro receber flores, ser chamada para jantar, receber um elogio vez ou outra, tudo dentro de uma situação apropriada, claro.  Acho o máximo que o cara abra a porta do carro para mim e se ofereça para pagar a conta ou, simplesmente, me acompanhe até o meu carro pela minha segurança ou, ainda, que mande uma mensagem perguntando se cheguei bem em casa. Tem gentilezas que não custam nada, literalmente. 





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