Dia difícil

24 de abril de 2009

Há dias em que a gente já acorda e sabe que aquele vai ser um dia daqueles.  Abri os olhos e senti o gosto da ressaca na boca. Pensei na Gisele, minha gata de estimação, internada com insuficiência renal. O calendário me dizia que em 4 dias eu faria 2 anos de casada. Resolvi levantar da cama mesmo sem ter muita certeza se conseguiria. 

O aluguel foi a primeira tarefa do dia. "Está em nome de quem?", perguntou o agente da imobiliária. Respondi secamente o nome completo do meu ex-marido. "Em 4 dias faríamos 2 anos de casados". O pensamento veio novamente. A caminho do trabalho, foi inevitável conter as lágrimas. Um choro sentido, daqueles em que as lágrimas escorrem  quentes e rápidas,  silenciosas, sem arroubos, sem soluços. Um choro resignado e parcimonioso.

O trabalho é bom porque evita de a gente surtar completamente. A ocupação e a obrigação de fazer "carinha boa" me impediram de sucumbir àquela tristeza imensa e inesgotável. Lembrei da Gisa, a gatinha, mais uma noite internada. Chorei sem ninguém ver, enquanto me escondia atrás do monitor, com a cabeça entre as mãos.

O primeiro dia de aulas da pós-graduação faria o dia terminar mais tarde. Mesmo esgotada física e mentalmente, cheguei ao campus e me senti, quase que instantaneamente, revigorada. Alguém me disse, ao fim da palestra: "nos vemos na próxima aula!" e eu fiquei feliz. Me veio à mente uma fala de um livro de Gabriel Garcia Márquez: "a vida é uma máquina que gira em círculos". 

E gira mesmo. Lá estava eu, de volta à faculdade onde me formei, há mais de 10 anos. Mas agora eu era diferente. Agora eu era mais sofrida, mais madura, mais corajosa, também era mais triste, é verdade. Mas agora eu estava recomeçando tudo outra vez e de novo e quantas vezes fossem necessárias. 

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