Dear Jerk

Esses dias engoli algo que não tinha um gosto bom. Era o meu orgulho. Aquilo ficou entalado na minha garganta e foi com alívio que percebi que era um problema  com uma solução simples: escrevi um e-mail e apertei send. Aí está o que saiu: 

Querido Mané,

Eu tenho um problema sério:  eu não gosto de ser tratada como um acessório. Tipo um chapéu, sabe? Que quando combina com a sua roupa  você usa e quando não convém mais, você tira e deixa ele ali, de lado. A verdade é que você sumiu. O carnaval já acabou faz mais de mês e nunca mais tive notícias de você.

E aí você reaparece, me chamando pelo apelido, subentendendo uma intimidade que nem existe mais, mandando mais uma mensagem. Afinal, é o melhor que você pode fazer, certo? Mandar mensagens, torpedos, dígitos. Ligações ou um "cara a cara" não fazem bem o seu estilo.  

Eu tentei terminar nosso lance numa boa, com respeito e carinho. Você não quis. Em vez disso, você voltou atrás e preferiu achar que uma noite noite fofa no cinema e umas saídas muito mal ajambradas resolveriam tudo, não é?  Você preferiu me "cozinhar" por um carnaval, do que me deixar fechar essa porta, mesmo que eu tenha dito que se não estávamos na mesma sintonia era melhor terminarmos nosso lance, sem traumas. Mesmo que eu tenha dito que queria sim "me jogar", me envolver, mas com quem também estivesse a fim.

Você preferiu ignorar tudo isso e me tratar como um objeto. Como uma boneca que você tira e põem da sua prateleira quando não tem nada melhor pra fazer. Como um troféu bonito que você às vezes tira do armário pra expor. Obrigada por ter feito eu me sentir assim, apenas um objeto pra alguém exibir. 

Antes de mais nada, quero frisar que esta carta não é porque "você não estava tão a fim de mim assim" (tem um filme com esse nome...). Isso eu entenderia se você  tivesse sido claro em vez de passar mensagens confusas. E, inclusive, respeitaria. Aliás, tá aí algo que todo mundo merece: respeito e consideração. Não é preciso ter um relacionamento "oficial" pra que existam essas duas coisas. É regra básica e clássica. 

Pois bem, pra sua informação, eu estava mesmo me envolvendo com você. Eu achei que você fosse um cara legal. Achei que você fosse um cara que valesse a pena conhecer melhor.

Mas eu me enganei porque caras legais não tratam garotas como bonecas em prateleiras. Caras legais não evitam uma DR quando sabem que não estão tão a fim daquela garota assim, eles as deixam ir. Caras legais não "cozinham" minas bacanas por um carnaval e nem por muito menos menos. Esses são os babacas, como tantos os que eu já encontrei pelo caminho. 

Então, meu caro, infelizmente, você vai pra gaveta dos "bobocas que se acham expertos". Eu jamais exigiria de você qualquer tipo de compromisso, lealdade, telefonemas, mensagens nesses últimos trinta dias. Mas achei que estava implícito que eu exigiria respeito. Não foi legal o que você fez. 

Francamente, eu esperava mais de você. Achei que você fosse um cara bacana, talvez um pouco imaturo e confuso, mas acima de tudo, sensível. Mas, meus parabéns, pelo jeito seu curso de "cachorrão" foi concluído com louvor e isso não tem nada a ver com imaturidade ou confusão, isso é caráter. Se você continuar nesse ritmo, terá pela frente uns 20 anos de "não-envolvimentos", mais uns 20 anos de "não-expectativas", mais uns 20 anos cozinhando garotas legais por uns dias de carnaval. Muito bem, "tá" de parabéns. 

Nem preciso dizer que, obviamente, nosso lance já terminou faz tempo. Nosso lance terminou desde que você, covardemente, sumiu por duas semanas depois de uma discussão e alegou não ter me procurado por achar que eu é quem estava "magoada". Nosso lance terminou quando você me chamava pra ir ao cinema e sequer conseguia chegar na hora combinada. Nosso lance terminou quando você me deu um chá de cadeira de quase duas horas te esperando pra me buscar. Mas, repito, esses também foram erros meus. Eu fui permissiva e me calei. Pensei em ter a famigerada DR, mas também fui covarde, afinal, nem eu gosto de "DRs". 

Mas, pra ficar bem claro, desta vez fica verbalizado: eu não permito que você me trate com desrespeito e isso não vai acontecer nunca mais. Eu não sou um acessório pra você usar e deixar de lado a hora que quer. 

Pronto. Falei. 

Tenha um ótima vida. 

Ps.: a porta está fechada e dessa vez joguei a chave fora, ok?

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