Tempos de inocência


Às vezes a vida tem dessas coisas. Uma hora se está bem e outras não. "O mundo dá voltas", já diria um ditado antigo. Ou ainda: "a vida tem altos e baixos", diria outro. Dia desses me peguei chorando e fazia tempos que não chorava. Não chorava, não porque não tivesse motivos, mas talvez porque tenha decidido que o passado não é presente. Mas naquele dia, chorei porque senti falta da minha vida antiga, mesmo que ela seja passado.

Chorei porque lembrei de como fui feliz na minha ignorância. Chorei porque me lembrei de como era uma vida sem amarguras. Chorei porque me lembrei o quão infalível eu era.  Chorei porque me lembrei que a inocência me cercava com carinho. E aí a vida deu uma volta e virou tudo de cabeça pra baixo.

Eu perdi a inocência e o rumo. Fui parar nas inconstâncias da minha própria inconsequência. O egoísmo me fez cega e quando eu voltei para a minha casa, ela não existia mais. Senti meus pés afundarem na lama do me desespero, e quanto mais eu me debatia, mais eu afundava. A vida me fez triste. Ou fui eu?

Tateando as paredes da solidão eu voltei a enxergar, lá longe, uma luz no ápice do abismo e uma centelha de esperança renasceu. Procurei ajuda, busquei a redenção e o perdão. Busquei a alegria, a felicidade, o companheirismo. Busquei a amizade, o carinho, o desinteresse, a ocupação e o conhecimento. Busquei paisagens. Busquei o amor. Busquei tudo isso e muito mais, somente para descobrir que é na busca pelo amor-próprio, o Santo-Graal da essência humana, que reside o começo e o fim de todas as buscas.

A vida dá voltas sim, uma hora se está bem e outras, nem tanto. Mas, talvez ela dê tantos giros apenas porque o seu único propósito seja a busca em si e não a linha de chegada. O fim é só o início, assim como um começo é sempre um recomeço.

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