I´m not a resort person anymore

Em setembro de 2002, fui à Jericoacoara com minha irmã. A viagem foi de ônibus no trajeto Natal - Jijoca, com direito a mais 30km pelas dunas, de madrugada. Passei mal no ônibus, fiquei aterrorizada com as dunas. Os passageiros que pegavam a condução de Jijoca pra Jeri iam (e até hoje vão) em uma Jardineira, que eu chamei, à época, de Marinete sem portas.

No dia seguinte fizemos um passeio de buggy e conversando com outras pessoas, em uma das piscinas naturais de Jeri, alguém disse:

- É uma pena que esse lugar vá ficar cheio daqueles resorts enormes. Vão acabar com tudo.

E imediatamente eu pensei:

- Resort? Nossa, prefiro mil vezes um resort desses. Meu nome é conforto!

Oito anos após esse episódio, eu estava em Porto de Galinhas, em um novo emprego, com novos amigos e com uma nova atitude. Conheci uma garota que me lembrou a mim mesma. Era como ver um espelho que refletia o passado.  Bonita, recatada, não bebia, não fumava, não era festeira e seu programa favorito era sair pra jantar com o noivo após uma sessão de cinema. O sonho dela, assim como o meu, era passar a lua de mel em um resort fantástico que havia lá por aquelas bandas. 

Passeando em Porto de Galinhas, eu vi uma placa linda, de madeira trabalhada e pela qual passei rapidamente: Nannai Beach Resort. Abri um sorriso irônico, pensando comigo mesma:

- Eu disse que viria aqui um dia...

A amiga disse que eu fui a revelação de 2010. - "Você é muito independente, Dorian! Nunca imaginei que com essa sua carinha de menina você fosse essa pessoa que nada com tubarões e fica em albergues!" - dizia ela morrendo de rir. 

E foi aí que eu percebi o quão mudada eu estou. Quanto caminho tive que percorrer pra entender que eu estou no momento certo da minha vida. Um momento meu. É a minha hora, o meu tempo. E mesmo que eu queira que as coisas sejam diferentes, melhores, a vida me leva e enxergar que mudei.

De garota mimada e amedrontada, passei a ser a pessoa que realmente prefere ficar em um Albergue e conhecer novas pessoas a me hospedar em um lindo resort. Não me amedronta mais a possibilidade fazer certas coisas mesmo que não haja uma companhia para isso. Se a vida me dá limões, façamos então uma limonada...

Isso não significa que eu não fique apavorada com muitas coisas e que muitas vezes esmoreça. Mas já é um começo...

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