Menina

Ele a chamava “Minha menina” muito embora ela já não fosse uma, há muito tempo. Não se ofenda, dizia ele, é que com você eu também me sinto um garoto a despeito dos meus fartos cabelos grisalhos". ele falou certa vez. - Você, Leila, é leveza e poesia ao vento. - disse passeando com os dedos pelas sinuosas curvas do corpo dela. - Você também pode ser leve. Sabia? - Alguém me disso isso uma vez, mas eu quero ser leve com você. O que você me diz? - O que eu digo? Digo que sim, mas confesso que é querendo dizer não. - respondeu Leila em um tom displicente. - Você tem medo? - ele a puxou para si, fazendo-a olhá-lo nos olhos. Leila fechou os olhos, tocou o próprio peito do lado esquerdo, inspirou e abriu os olhos novamente. - Sim. Tenho medo. - Impossível, meu bem, você é a mulher mais corajosa que já conheci. - Coragem eu tenho. Mas para ter coragem é preciso existir o medo, Pedro. - Eu não vou te machucar. - ele murmurou. ...