O Agora

Acontecia todas as vezes em que passava por algum poste de luz solitário. A luz simplesmente se apagava. Testou o acontecimento em inúmeras ocasiões e era batata: sempre que passava embaixo...puff. Acabava-se a luz. No início ela achava aquilo engraçado. Tentou, algumas vezes, apagar outras luzes de propósito, somente com a força do pensamento. Mas foi em vão. Não era o pensamento que governava a vontade da luz, parecia que as lâmpadas tinham vontade própria. Lembrou-se de um conto de Gabriel García Marquez, "A luz é como água", que lera quando ainda era uma menina. Perguntou-se se, de fato, a luz, assim como a água, jorrava abundantemente das lâmpadas até que alguém parasse aquele fluxo contínuo com o toque em um interruptor. Mas os postes de luz não tinham interruptores. Eles apagavam somente quando ela passava. Não importava se estivesse triste ou feliz. Deprimida ou empolgada. A luz simplesmente a escolhera. No início, ela achava que poderia ser algo ruim. ...