De repente 32

Boots - The Killers Ela sabia que alguma coisa havia se perdido pelo caminho. Entre tantos amores ruins e oportunidades desperdiçadas, ela sabia que alguma parte de si mesma estava danificada, talvez até mesmo para sempre. Voltara a conduzir a vida de forma alegre e responsável como sempre fora, mas no fundo do seu coração maltratado jaziam as cinzas provenientes de uma solidão sem precedentes da qual ela não sabia, ao certo, se poderia escapar.  Pelo caminho, havia encontrado sinais de esperança de que o amor poderia novamente preencher o seu coração, mas todos eles demonstraram ser apenas fogos fátuos em meio ao pântano insondável que era agora sua alma. Acreditara em cada um dos homens que passaram pelo seu caminho e se decepcionara com todos. Porém, longe de ser a vítima incauta, sabia que em cada envolvimento havia a mácula da pouca auto-estima.  Caminhar novamente pela trilha tortuosa de um relacionamento fazia com que ela simplesmente tremesse nas bases. ...

Ela dizia que mostrar o que estava sentindo era humilhante. Sempre que terminava um namoro, adorava fingir que estava tudo bem. Não queria que os ex soubessem que sofria por eles. Colocava fotos em baladas no Facebook, aparecia no Whats App às cinco da manhã e, no Instagram, postava fotos com amigas.  Mas na verdade, ela estava sofrendo. E muito. Chorava quase todos os dias. Os términos faziam parte da vida dela, isso ela sabia. Mas jamais soube lidar com eles. O amor que sentia pelos ex, cada um de uma maneira diferente, mas sempre muito intensa, era esmigalhado, junto com o seu coração, quando eles davam o golpe de misericórdia no relacionamento.  Aí eu pergunto: qual é o problema em se expor?  É bem verdade que quando alguém parte o nosso coração, a gente precisa de um tempo pra assimilar isso. Dói e a gente sofre. Mas, pela obviedade da situação, de que adianta fingir que não dói?  Qual é o problema em admitir que estava mesmo apaixonada por aque...

Eu concordo que homens são de marte. Devem ser mesmo, porque o comportamento deles, às vezes, é, para mim, tão enigmático quanto o seria o de um alienígena. Enquanto eu, por exemplo, adoro abrir meu coração, demonstrar todo e qualquer tipo de sentimento de alegria ou de indignação pra todo mundo ver, os homens, ao menos o que eu conheci, fazem aquele estilo fechadão: homem não chora, homem não conversa, homem não sente, homem não fala sobre os próprios sentimentos.  Acho que o abismo imenso entre esses dois gêneros é permeado, senão totalmente preenchido, por duas formas de pensar absolutamente diferentes. O esteriótipo de que homens não demonstram sentimentos perdura não só porque alguém resolveu que assim o fosse. Em geral, homens não curtem mesmo abrir o coração, talvez não seja da natureza deles e ponto. Ou talvez eles sejam caladões porque foram criados para serem "durões".   Dizem que as mulheres são passionais, emotivas, dramáticas. Falando apenas por mim: s...

I wanna be sedated Do nada lembrei desse seriado que eu costumava assistir na década de 90: " My so called life ", a tradução em português era "Minha vida de cão". O que é um pouco exagerado, já que se trata da vida de uma adolescente americana  -  que por acaso do destino é maravilhosa Claire Danes. Uma garota de classe média que, aos 15 anos de idade, tenta sobreviver bravamente ao high school .  Olhando pra traz, parece uma  bobagem que a vida de uma garota que mal saiu das fraldas pudesse ser tão sofrida. Porém, ela não só se apaixonou pelo rapaz mais lindo da escola (nada mais nada menos que o Jered Leto!), como brigou com a melhor amiga por questões que nem ela mesma podia entender ou justificar. Pra compensar a solidão imensa que sentia, arranjou amigos desajustados e passava o dia inteiro pensando no tal rapaz que a beijou numa noite e na outra fingiu que não a conhecia. Achava-se feia ao olhar-se no espelho e por isso se conformara a jamai...